Não deu outra: o previsto aconteceu
Peço licença aos leitores e ao próprio DC para reproduzir hoje alguns trechos de coluna que escrevi em 15 de fevereiro de 2011, sob o título “As ruas estão dando o recado”. Escrevi isso um ano e quatro meses antes dos movimentos de junho deste ano, quando a população saiu às ruas em todo o País para protestar.
“Aqui no Brasil onde nossa jovem democracia ainda floresce e se consolida o que vem deixando a população envergonhada é a desfaçatez com que os nossos políticos e governantes, democraticamente eleitos, se apossam de benefícios, privilégios, salários exorbitantes para si, e bondades para os apaniguados, sem nenhum respeito à moralidade pub liça e aos recursos vindos dos contribuintes honestos. Porque os desonestos sonegam…”.
“Abomino qualquer tipo de violência. Começo (entretanto) a ter a convicção de que não haverá mudança na questão da probidade, da moralidade pública, em nosso País, se o clamor não vier das ruas”.
Escrevi ainda, em outro trecho: “Quando (os políticos e governantes) agem de forma arbitrária em favor de seus interesses pessoais, dissociados dos interesses coletivos e da missão para a qual foram eleitos, sem dar a mínima satisfação, e ainda praticando atos imorais com um cinismo espantoso, é hora de pensar em iniciar protestos público pacíficos nas ruas do país”..
“Minha restrição a este tipo de mobilização no Brasil é que sempre quem sai na frente e a organiza são os grupos políticos radicais que tomam as ruas com bandeiras de cunho de revoluções populares e outras coisas anacrônicas, tirando a legitimidade do protesto e desvirtuando as finalidades perseguidas. Ainda por cima, gerando tumultos, violência e reações que não deveriam haver”.
Reitero que isto foi escrito em 15 de fevereiro de 2011. E tudo que descrevi aconteceu a partir de junho de 2013.Bola de cristal? Advinho? Chute? Premonição?
Nada disso.
Apenas a preocupação de acompanhar a trajetória do ser humano, da vida política das nações e as divisões, seja de que cunho for, que servem de alicerce aos eternos interessados na conquista do poder. Especialmente no Brasil.
Em junho a população começou a ir para as ruas a partir de mobilização de um grupo com reivindicações ligadas ao transporte público, pedindoa redução de tarifas de ônibus – e que serviu de rastilho de pólvora para inundar de gente – decente – as ruas do país, protestando contra a corrupção, os desmandos, a má qualidade da gestão pública no Brasil. O foco principal concentrou-se no governo Dilma.
Em seguida, saíram às ruas movimentos com nomes estranhos, que não ajudo a propagar,distorcendo, deturpando, os movimentos legítimos, pacíficos, com a fúria destruidora por mim prevista um ano e quatro meses antes.A população ordeira sumiu das ruas com medo da violência.
Quem foi o maior beneficiário do surgimento dos grupos mascarados violentos? O governo Dilma, porque a classe média legítima que entupiu as avenidas pelo Brasil todo se retirou acuada pelo medo. E quem são esses grupos de criminosos mascarados? Até hoje ninguém mostrou, explicou ou disse quem são e o que fazem, além de vandalismo e sua causa motivadora.
Estranho, não?
Só estou manifestando estranheza. Nada mais.
Se de algum modo, nesta coluna de hoje, consegui mostrar ao leitor que existe certa lógica, um processo em evolução (ou involução) mesmo que pareça não haver, nas coisas da vida pública (domínio do poder e do dinheiro público) me atrevo a dizer: vai piorar, e muito, no ano que vem, com a vitrine da Copa do Mundo e as eleições. De pois não digam que não avisei. Sinceramente, espero estar totalmente equivocado (como não estava em 2011).
A vida política nacional está podre. Criminosos julgados com todos os recursos possíveis de defesa, condenados como bandidos que roubaram dinheiro público, querem tratamento de heróis da pátria. E há quem os leve a sério. E quem vai devolver o dinheiro que desviaram?
Pobre rico Brasil.