PAÍS SEM OPOSIÇÃO
Há quanto tempo –o leitor por testemunha- tenho escrito neste espaço do DC que não existe oposição de fato ao governo federal no Brasil?
A pesquisa que o Estadão publicou ontem constata de forma científica o que empiricamente venho demonstrando nos últimos anos. Notadamente na era Lulilma (Lula e Dilma) a oposição brasileira tem apenas nome. Algumas lideranças de expressão dedicam-se, na verdade, muito a mais a desenvolver um projeto de conquista do poder, sem atentar para o fato de que o país pede mudanças e está cansado da forma petista (e aliado$) de governar.
Mas não trem opção. Os nomes colocados até agora para enfrentar o candidato oficial na eleição do próximo ano –deverá ser Dilma- não empolgam o eleitorado que, mesmo assim, pede mudanças. A ausência de lideranças capazes de catalisar o descontentamento e anular os efeitos na massa brasileira que vota de forma inconsciente em seus padrinhos oficiais, promovidos por bilionárias verbas publicitárias que calam a mídia brasileira em geral, favorece o status quo, em ambiente de desencanto.
A oposição brasileira chegou a ser patética em alguns momentos quando, Lula, no auge da popularidade e em meio a um embate eleitoral, não foi atacado pelos seus oponentes pelo medo destes de se desgastarem com a massa. Uma legião ingeria de brasileiros informados, capazes de discernir, desiludiram-se com essa oposição considerando a fraqueza um ato de traição aos que esperavam um enfrentamento aos desmandos, como por exemplo, o mensalão.
A pesquisa publicada pelo Estadão de ontem revela com meridiana clareza: o desejo de mudança da população que, por enquanto, não tem nomes para encarná-las. Diz o levantamento feito pelo IBOPE que quem deseja a mudança representa 4 de cada dez votos para Dilma. Sem estes ela não se reelege e atrás dos mesmos correm Aécio e Campos, ainda bem atrás na corrida presidencial.
Aos longo da era Lulilma, de tantos escândalos, corrupção, erros, apadrinhamentos, aparelhamento, políticas equivocadas, tráfico de influência, dinheiro na cueca e tantos outros erros, a oposição, no geral, comportou-se ou como anestesiada, ou como comprometida ou como incompetente. Ou tudo junto.
A insatisfação do brasileiro que pensa é com o governo viciado, apodrecido, dos companheiros que só pensam naquilo, poder e dinheiro (ah. Como uma ditadurazinha de esquerda iria bem para eles…) e que vão se mantendo graças aos recursos públicos que praticamente compraram tudo e todos no país. Mas é também com a oposição, por ter sido ao menos até agora incapaz de transformar em energia eleitoral tantos desmandos, erros e inépcia governamental, acumulados nos últimos doze anos.
De uma coisa eu sou testemunha: a classe média verdadeira, a que paga impostos, taxas, tributos, escorchantes para sustentar a máquina publicitária e corrupta do governo, está esgotada. Além disso, está à procura de uma liderança capaz de catalisar esse sentimento e transformá-lo em propostas e atitudes que possam tirar o Brasil da mesmice ideológica espúria da era Lulilma. O modelo é a Venezuela que logo cai de maduro.
Vou além, pelo que ouço aqui e ali: se houvesse essa liderança, se ela surgir, se Aécio, Campos, Marina ou outro nome, conseguir essa ressurreição, esta mesma parcela da população, onde se encontram os mais de 50 milhões de votos atribuídos a Serra no último pleito (eram contra Lula e Dilma), e os 4 entre 10 de Dilma, irão até trabalhar de graça em favor dessa candidatura.
A grande verdade e que poucos enxergam é que o Brasil de hoje deixa órfão e sem saída o brasileiro sério, honesto, cumpridor de suas obrigações sem exigir seus direitos do nada. É extorquido pela máquina pública de arrecadação e não tem de volta um mínimo de dignidade ou decência nos serviços públicos e no gerenciamento do país.
Vai aparecer essa liderança? Aécio, Campos, Marina, e outros que possam surgir, serão capazes de ganhar a simpatia e a confiança de um contingente enorme de desiludidos –e cansados- do jeito petista de querer ser dono da verdade e enganar o tempo todo?
O Brasil conseguirá suportar mais 4 anos de fraudes e falácias sem afundar nos campos da economia, política e liberdades?
Nesse momento, leitor, os frankilins martins, os ruis falcão, da vida conspiram para achar meios e modos de perpetuar no poder, sem oposição e sem mídia livre, a companheirada. Com você pagando a conta, como sempre.